Biodiesel

A decisão do Governo Federal de enterrar de vez o projeto de produção de biodiesel através da mamona deixou os agricultores familiares da região do semi-árido desesperados. De acordo com informações da Federação dos Trabalhadores em Agricultura do Piauí (Fetag) a produção de mamona de 2008 seria a maior dos últimos anos. De acordo com o diretor de política agrícola da Fetag, Manoel Simão, este ano a previsão dos agricultores era de colher mais de 12 mil hectares da oleaginosa.

“Desde que o projeto foi criado, tanto na Fazenda Santa Clara, como em São Raimundo Nonato este ano foi o que mais se plantou, principalmente porque o inverno foi muito bom então os produtores se animaram e agora não sabem o que vão fazer”, afirma José Simão.

Além do medo de perder a produção as famílias estão preocupadas com a quitação do débito com os bancos. Pelo menos 5 mil famílias da região de São Raimundo Nonato abandonaram o plantio de outros grãos para produzir a mamona e toda a produção foi financiada pelo Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf). “Vamos levar ao Governo Federal esta pergunta, como é que os produtores vão pagar seus financiamentos se a mamona perder o valor”, explicou José Simão.

O Governo Federal chegou a criar uma linha de financiamento dentro do Pronaf destinada ao plantio da mamona. De acordo com o diretor da Fetag, incentivados pelo Governo Federal muito produtores do semi-árido do Piauí deixaram de plantar outros grãos e adquiriram o crédito, que pode chegar até R$ 4 mil e tem que ser pago em dois anos.

A decisão do Governo Federal, por conta da reprovação do biodiesel da mamona pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), afetou os agricultores de outros estados do Nordeste. As federações já agendaram para a próxima quarta-feira uma reunião com o ministro da agricultura, Reinhold Stephanes, em Fortaleza.

Flávio Moura

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